Prefeitura "sequestra" obra do Coletivo Bijari
23/03/12 00:00
2002, Berlin: o artista frances Zevs recortou uma personagem de um outdoor publicitário em Berlin e criou o “Visual Kidnapping“. Zevs “sequestrou” a publicidade e pediu resgate para a Lavazza, que topou a brincadeira e doou 500 mil euros para o Palais de Tokyo como forma de resgate.
2012, São Paulo: a prefeitura não fica atrás e “sequestrou” uma obra de arte do Coletivo Bijari, e pede R$ 12 mil para que o veiculo, cheio de plantas, seja devolvido.
Baixo Ribeiro, da Galeria Choque Cultural, que está expondo obras do Coletivo Bijari atualmente na expo “Estado do Sítio” surpreendeu-se com a eficiência da prefeitura
em remover o Santana estacionado na frente da galeria. Baixo lamenta, “o que me preocupa mesmo, é que estavamos cuidando das plantas, regando, cuidando, e agora estão largadas no pátio e ninguem vai cuidar“.
Em uma cidade com 7 milhões de automóveis, remover um que está estacionado com plantas (gerando oxigênio, limpando o ar), nos parece surreal.
A prefeitura de SP conta com uma administração que pinta obras de arte de cinza, privilegia o automóvel e a especulação imobiliária. Não poderiamos esperar algo diferente. Tentar aprovar um projeto como o do Bijari ocupando espaço público com arte seria algo no mínimo kafkiano, mas a remoção de uma obra de arte das ruas de SP desta forma é meramente algo coerente.
Vale para discutir a utilização do espaço público e da arte de rua.
Mais carros, menos arte? Menos carros-arte? Menos plantas? SP não tem pena-nem das plantas e nem da arte.
Visite o site do Coletivo Bijari, aqui. Sequência completa do “sequestro” aqui.
http://vejasp.abril.com.br/revista/edicao-2261/carros-abandonados
É complexo e burocrático retirar a frota dos abandonados. Porém o carro-arte-planta retiram rapidinho. Devem ter um protocolo de urgência para agilizar ações anti intervenções urbanas.