Por US$ 525 você também pode fingir que é artista de rua...
Em Abril publicamos este post falando da comercialização do graffiti e da identidade visual da arte de rua. Mas nada poderia ser mais forçado que comprar um par de tênis italianos por US$ 525 que já vem com manchas de tinta. Inacreditável.
About Lost Art
Lost Art é um coletivo de fotografia, comportamento e arte.
Louise Chin e Ignacio Aronovich são fotografos, jornalistas e curadores. Viajam o mundo atras de novidades e de lugares desconhecidos. Suas buscas os levaram a lugares como Antartica, Alaska, Africa, Jordânia, Laos, Camboja, entre outros destinos. Já documentaram algumas das provas mais dificeis do mundo como Raid Gauloises, Elf Authentique Adventure e a Race Across America. Foram convidados a realizar a exposição inaugural da 202 Gallery da Otto Design Group na Philladelphia, onde apresentaram "Streets of São Paulo". Participaram da primeira edição "Backjumps : Live Issue" em Kreuzberg, Berlim, junto com Bansky, Shepaird Fairey, WK Interactive e Swoon. Publicaram o livro "Graffiti Brasil" pela editora inglesa Thames & Hudson em 2005. Juntamente com André Meyer produziram a tour do Kamikaze Freak Show no Brasil em 2003, e fotografaram diversos espetáculos circenses, performers, dançarinos, shows musicais e teatrais pelo mundo. Em 2008, participaram do Festival della Creatività em Florença, na Italia, e expuseram "Untamed Brazil" no Museu Crystal Worlds em Innsbruck, na Áustria. O site Lost Art está online desde 2000 e é referência na web quando o assunto é arte, fotografia e cultura.
http://www.lost.art.br/
A moda é um reflexo do tempo e hoje a cultura de rua é super relevante. Não me assusta. Talvez o tênis pré-sujo seja uma evolução do jeans pré-rasgado (rs).
Esta é a sina de toda contracultura. Em um primeiro momento o Sistema tenta ignorar sua existencia. Quando não consegue ignorar, pois esta contra cultura é insistente, o Sistema tenta criminaliza-la. Então quando esta contra cultura se torna mais insistente ainda, e nem a criminalização resolve, o Sistema dá sua última cartada, que é COMPRAR e INVESTIR nesta contracultura.
Vivemos em um mundo que não há espaço para utopias, as contra culturas já nascem mortas. As utopias só servem na verdade para que sempre estejamos em movimento, andando em direção do inalcançavel. é como tentar alcançar o horizonte….
Mesmo que não seja um grafiteiro, um tenis sujo de tinta não pertence exclusivamente a Cultura da Street Art, e no site da Marca nem existe menção que este Tenis é inspirado em Street Art. Poderia ser um Tenis inspirado em Jackson Pollock, não importa na verdade.
O que importa é que as pessoas tem o direito de se expressarem e comercializarem da forma que quiserem.
Na minha opinião vcs estão sendo muito puristas e taxativos com algo que vcs próprios ajudaram a propagar através da documentação que vcs fizeram de varios grafiteiros. Existe aí uma contradição da parte de vcs na verdade.
Mariana,
Obrigado pelo(s) comentário(s).
Claro que um tênis manchado de tinta não pertence exclusivamente à cultura de street art, mas achamos improvável que não tenha a pretensão de ser algo ligado à arte. Se tem ligação com a cultura de rua ou não é difícil afirmar, já que o produto não tem uma descrição detalhada.
A nossa documentação vem da apreciação de algo efêmero que apreciamos e divulgamos desde antes de tornar-se algo popular ou presente na mídia mainstream e não tem qualquer relação com a nossa crítica à comercialização ou comoditização desta estética. Há anos vemos a publicidade utilizando elementos de cultura de rua para ter algum “apelo jovem”, e o que torna convincente, meramente oportunista, ou até rídicula a associação é se a marca ou serviço tem algum vínculo real à cultura que pretende associar-se.
Durante anos fotografamos artistas pintando na rua rua e vimos manchas de tinta em suas roupas, tênis, e as vezes até nos nossos equipamentos. Vender um produto que vem “pré-sujo” ou “pré-manchado” por US$ 525 nos parece voltado para quem quer apenas fingir ser algo que não é, simples assim. Cada um sabe o que faz, e hoje pode-se comprar um “kit grafiteiro” e posar como um. Purismo/contraditório achar isso forçado? Pode ser, mas concordamos que cada um pode se expressar (e gastar sua grana) como quiser.
abs,
ig+louise
Mas não é ótimo que o artista grafiteiro que fez a arte do tenis estar ganhando a vida dele com seu próprio talento ao invés de se submeter a um trabalho que detesta?
Será que é um artista grafiteiro que pinta o tênis? Fica a dúvida…