O site SAMPA GRAFFITI, criação de Paulo Taman, começou em janeiro de 2010 e apresenta vídeos com perfis de artistas de rua de São Paulo e região. O autor acredita que centros urbanos, apesar do caos, “podem ser considerados galerias de arte.” Essa foi a motivação que o levou a criar o site. Milhares de pessoas em São Paulo passam pelos muros grafitados todos os dias, mas poucos sabem quem são os artistas por trás das obras. O site SAMPA GRAFFITI apresenta alguns destes artistas, contextualizando as obras e as motivações de seus criadores.
Visite a página SAMPA GRAFFITI, a página no Facebook (que contem mais fotos de obras), e acompanhe as atualizações via twitter.
No vídeo acima a talentosa artista TIKKA, que pinta desde os 15 anos de idade. Veja mais trabalhos dela aqui.
Perfume & Maquiagem com tags. Graffiti para consumo?
Uma das maiores críticas ao reconhecimento e sucesso do graffiti pelo mundo é por sua comercialização. Se por um lado é absolutamente justo (e admirável) que artistas consigam viver de sua arte, empresas que tentam associar-se a arte de rua ou graffiti são frequentemente ridicularizadas por não terem compromisso ou ligação alguma com a cena e/ou movimento.
Não faltam exemplos.
Para quem não tem vontade, talento, ou tem preguiça mas quer “brincar” de artista de rua, basta comprar um kit “iBanksy“.
Update! Priscila (leia nos comments abaixo), tentou comprar um kit iBanksy e descobriu que não está à venda, e trata-se de uma crítica/estudo sobre arte & consumo. Tks!
Enquanto isso, nas ruas, manifestações artísticas, vandalismo, e protestos continuam.
Avião pintado por NUNCA no Arizona. / fotos cortesia VIEJAS DEL MERCADO
O artista paulistano NUNCA, um dos mais talentosos da sua geração, tem a distinção e o privilégio de ter sido o único artista a pintar um castelo (na Escócia com osgemeos e nina), um museu (Tate Modern, em Londres, com osgemeos, JR, e outros), e aviões (Arizona, Estados Unidos, com Retna, Saner, Faile, e outros).
Boneyard Project é o nome dado ao projeto de pintura de aeronaves da Segunda Guerra Mundial. Os aviões estão expostos até 31 de maio no PIMA Air Space and Museum, um dos maiores museus de aviação do mundo (Tucson, Arizona).
Conversamos com Nunca para saber mais sobre a experiência, completamente diferente de tudo que ele havia pintado antes,
“Ficou mais evidente pra mim é que uma parede plana assim como no castelo e na Tate a dinamica de possibilidades e uso do espaço é completamente diferente de um avião, que tem formas bem distintas. O uso dessas formas na pintura que fiz foi a de adaptação doq e queria fazer com a possibilidade de fazer o que eu queria.”
“O meu trabalho tem essa caracteristica da grande escala e de dialogar com diferentes tipos de públicos e as pessoas por trás dos projetos que ja participei enxergam esse aspecto no meu trabalho. ”
Encarar as variações de temperatura no Arizona não foi fácil:
“O calor e a umidade do ar eram absurdos , mesmo pra alguém que vem de um pais tropical 40 a 45 graus todo dia com a umidade do ar em 5% era dificil de suportar.Usava manteiga te cacau sem parar pra boca não secar e bebia agua toda hora .Qualquer coisa que acabasse , como tinta , comida e até mesmo agua eram alguns kilometros rodados pra se ter oq precisa,até pq a loja de conveniencia mais proxima ficava em torno de 40 minutos de onde estavamos.”
Documentário sobre a cena de graffiti em Beijing, China.
Que a arte de rua já entrou para a história da arte contemporânea não resta mais dúvida. Após exposições em museus como o MOCA (Los Angeles), Tate Modern (Londres) e inúmeros outros, não se discute mais se a arte de rua tem ou não importância histórica. Para as gerações futuras, não faltará material de pesquisa, e cada vez mais encontramos novos documentários sobre a cena de arte de rua os lugares mais diversos pelo mundo. Desta vez o documentário é sobre graffiti na capital da China, e chama-se Spray Paint Beijing. Estivemos lá. A repressão dificulta a expressão pessoal, mas existe uma cena bem interessante e cada vez mais visível. Se em Hong Kong a cena é onipresente, em Beijing é mais discreta, mas por isso mais fascinante e gratificante quando nos deparamos com algo novo. Para conhecer mais, visite o site, e veja o trailer.
Semana passada fotografamos a obra acima e ficamos curiosos para saber o autor. Apesar de não estar assinada, o adesivo “street art without borders” (“arte de rua sem fronteiras”) foi o suficiente para encontramos o projeto online. Eric Marechal fez uma convocação online e solicitou obras de artistas do mundo inteiro. Após receber os stencils, paper cuts, stickers, e outras obras, Eric viajou pelo mundo, espalhando obras de artistas por diversos países. Desta forma a obra do francês Rubbish veio parar na Frei Caneca, e obras de brasileiros foram parar em Paris.
Já são mais de 200 artistas participando. Vale a pena conhecer o projeto aqui. Mais fotos aqui.
A arte de rua brasileira é reconhecida mundialmente pela sua originalidade, habilidade de improvisação, e criatividade. Abordagens de problemas sociais e ambientais não fazem parte deste reconhecimento. Comparado com os problemas sociais do país, são poucos os artistas de rua que usam a rua como forma de protesto ou conscientização.
Mundano é um deles, e seus manifestos sobre Belo Monte, o trânsito de SP, problemas ambientais, e outras questões importantes podem ser vistos espalhados por SP e outras cidades do Brasil.
O projeto PIMP MY CARROÇA é uma evolução do trabalho que Mundano já desenvolve há algum tempo. Para quem mora em SP é difícil não ter visto alguma carroça pintada por ele. Desta vez o projeto é bem mais ambicioso, e o artista busca recursos através
do crowdfunding para viabilizar sua proposta. Vale a pena apoiar e divulgar. Veja aqui.
Gostariamos de ver mais artistas de rua realizando ações assim.
Atenas, Bogotá, Nairobi, New York, Paris, São Paulo (com excelente participação de Alexandre Orion), Singapura, e Turku (Finlândia) são as cidades representadas no documentário “Défense D’Afficher” (proibido colar cartazes/propaganda), e que tem o subtítulo “o que arte de rua diz sobre o mundo”. O filme é composto por oito segmentos de aproximadamente 7 minutos cada, com captação e edição excelentes.
O melhor de tudo? Você pode assistir, agora, aqui. Não deixe de clicar nos links para ver as cenas extras disponíveis no site, muito bem feito.
Obra de arte do coletivo artístico Bijari sendo "sequestrada" pela prefeitura. / Fotos:Cortesia Bijari
2002, Berlin: o artista frances Zevs recortou uma personagem de um outdoor publicitário em Berlin e criou o “Visual Kidnapping“. Zevs “sequestrou” a publicidade e pediu resgate para a Lavazza, que topou a brincadeira e doou 500 mil euros para o Palais de Tokyo como forma de resgate.
2012, São Paulo: a prefeitura não fica atrás e “sequestrou” uma obra de arte do Coletivo Bijari, e pede R$ 12 mil para que o veiculo, cheio de plantas, seja devolvido.
Baixo Ribeiro, da Galeria Choque Cultural, que está expondo obras do Coletivo Bijari atualmente na expo “Estado do Sítio” surpreendeu-se com a eficiência da prefeitura
em remover o Santana estacionado na frente da galeria. Baixo lamenta, “o que me preocupa mesmo, é que estavamos cuidando das plantas, regando, cuidando, e agora estão largadas no pátio e ninguem vai cuidar“.
Em uma cidade com 7 milhões de automóveis, remover um que está estacionado com plantas (gerando oxigênio, limpando o ar), nos parece surreal.
A prefeitura de SP conta com uma administração que pinta obras de arte de cinza, privilegia o automóvel e a especulação imobiliária. Não poderiamos esperar algo diferente. Tentar aprovar um projeto como o do Bijari ocupando espaço público com arte seria algo no mínimo kafkiano, mas a remoção de uma obra de arte das ruas de SP desta forma é meramente algo coerente.
Vale para discutir a utilização do espaço público e da arte de rua.
Mais carros, menos arte? Menos carros-arte? Menos plantas? SP não tem pena-nem das plantas e nem da arte.
Visite o site do Coletivo Bijari, aqui. Sequência completa do “sequestro” aqui.