Binho, 1997.
Nosso interesse pela arte de rua vem da fotografia de rua.
Começamos a fotografar arte de rua e graffiti por volta de 1996.
Para quem é observador ao fotografar, é impossível ignorar o que está pintado nas paredes da cidade. Na época da fotografia em película, com filmes de 36 exposições, era comum sobrar alguns fotogramas no filme. Ao invés de rebobinar os filmes sem usar os últimos clicks, era natural para nós ir para a rua fotografar para acabar com o filme completamente e poder revelá-lo.
Muitos destes clicks foram de muros pintados com uma qualidade e estilo próprio que nos chamava a atenção.
Após algum tempo ficamos curiosos e buscamos descobrir quem eram os artistas por trás
dos muros de São Paulo. Em 1997 decidimos fotografá-los, e conhecemos alguns dos artistas de uma geração que já está mais que consolidada: Speto, Vitché, Binho, Tinho, Nina, osgemeos e outros posaram para nós.
Em 1997 a grande maioria ainda usava tinta automotiva, e não havia reconhecimento algum. Galerias não estavam interessadas, e arte de rua e graffiti eram algo distante da mídia tradicional.
Quando começamos o site Lost Art em 2000, a maioria dos artistas não tinha câmeras
digitais, e publicar o próprio conteúdo exigia algum conhecimento, já que não havia ainda
Fotolog (2002), Flickr (2004), e nem ainda a popularização de blogs.
Em 2000 tínhamos páginas dedicadas a artistas como Vitché, osgemeos, e outros. Depois
vieram Zezão, Nina, e outros artistas. Publicamos editoriais nos Estados Unidos e no Japão divulgando o talento destes artistas. No Brasil havia pouco interesse.
Tinhamos farto material documentando a cena de graffiti no Brasil, mas quando visitamos editoras nos diziam “publiquem um livro de culinária ou sobre futebol, ninguém quer saber sobre grafitti.” Em 2005 publicamos, juntamente com Tristan Manco e Caleb Neelon o livro Graffiti Brasil, pela editora inglesa Thames & Hudson.
Em 2012 há inúmeros artistas de rua em atividade com propósitos distintos. Alguns encaram a atividade como forma de expressão, outros de protesto, e há quem transforme suas ações em uma carreira, mirando em galerias e museus.
Neste blog pretendemos publicar o que nos mais chama a atenção nas ruas.
Vitché, 1997
Tinho, 1997.